Por Márcio Rangel
Jornalista
Esqueça as disputas por quem tem o melhor trio de forró, o show mais animado, o milho mais bem cozido ou a pamonha mais gostosa. Em 2025, a grande guerra do Maior São João do Mundo acontece longe do palco e muito perto das placas de outdoor, dos retrovisores de carro por aplicativo, dos ônibus coletivos e até das arelas de pedestre.
É a guerra das bets, meu amigo.
De um lado do ringue publicitário, a Vai de Bet, velha conhecida dos campinenses, que até o ano ado estampava sua marca em todo canto da festa — da bandeirola do palco principal até o coração do Parque do Povo. Mas aí vieram as investigações, as denúncias, as manchetes envolvendo os sócios e a Polícia Federal. Resultado: perdeu a cobiçada cota máster de patrocínio da festa.
Do outro lado, a 7K Bet, a novata poderosa com selo de confiança da Seleção Brasileira, literalmente. Seu garoto-propaganda é ninguém menos que o jogador Hulk, nosso campinense global, que trouxe não só o nome de Campina, mas também uma grana considerável para garantir o topo da pirâmide publicitária do São João. A 7K Bet é hoje a bet oficial da festa.
Mas se você pensou que a Vai de Bet jogaria a toalha e sairia cabisbaixa, pensou errado. O contra-ataque foi digno de novela: mais de 100 outdoors pela cidade, mídia em ônibus, em paradas, em canteiros, em arelas, e agora nos carros de aplicativo — colando seu nome em retrovisores como quem cola figurinha rara no álbum da Copa.
O que era uma festa tradicional, popular, com cheiro de fogueira e som de sanfona, virou uma guerra fria de investimentos agressivos. Não se trata mais de quem canta melhor o “Xote das Meninas”, e sim de quem consegue imprimir sua marca no maior número possível de olhos — e no menor intervalo de tempo.
Ambas, curiosamente, brigam por uma cidade apaixonada por São João… mas também por um bom “joguinho online”. A disputa é clara: quem conquista a mente (e o bolso) do apostador campinense.
Enquanto isso, o povo vai se perguntando: será que em 2026 a gente ainda vai ver o céu do Parque do Povo ou só mais uma lona de LED patrocinada por uma bet? Porque, sejamos sinceros, o forró pode até ser a alma da festa, mas o coração do São João parece estar batendo no ritmo frenético dos investimentos publicitários.
Campina Grande virou tabuleiro de apostas. E a cidade — que já tem tradição de rivalidade entre bandeiras políticas, quadrilhas e até quem faz o melhor cuscuz — agora assiste, de camarote, a um duelo silencioso, milionário e que já poluiu visualmente cada esquina.
Se for para apostar, aposto que o forró vai resistir. Mas talvez ele precise abrir espaço no palco para mais uma faixa de patrocinador.